Num momento crucial da temporada, o Benfica enfrenta um período de avaliação intensa depois da derrota por 2-1 contra o Sporting, na primeira mão da meia-final da Taça de Portugal.
"O Benfica teve dificuldades para se encontrar e para superar o Sporting", observa João Tralhão.
Roger Schmidt, técnico dos encarnados, vê-se agora perante desafios táticos e escolhas contestadas pelos adeptos benfiquistas, e a análise aprofundada do desempenho da equipa torna-se imperativa à medida que se aproximam confrontos decisivos, nomeadamente com o FC Porto na 24.ª jornada da Liga.
A derrota no dérbi levanta questões sobre a abordagem tática adotada por Schmidt e a forma como a equipa encarnada se comportou em campo.
A falta de consistência ao longo do jogo, especialmente na primeira parte, expôs algumas fraquezas defensivas e levou a críticas por parte dos adeptos das águias.
No entanto, a reação positiva na segunda parte, onde o Benfica conseguiu equilibrar-se melhor e pressionar o Sporting, oferece uma luz de esperança para os próximos desafios.
Em entrevista à A BOLA, João Tralhão, antigo treinador de juniores do Benfica e atualmente ao serviço do Antalyaspor como treinador-adjunto principal, analisou o desempenho da equipa no dérbi e as possíveis estratégias para o futuro.
Tralhão destacou a dualidade de desempenho do Benfica no jogo contra o Sporting. Enquanto na primeira parte o Sporting dominou, na segunda parte o Benfica conseguiu equilibrar-se melhor e pressionar eficazmente.
"Na primeira, o Sporting foi superior, dominou em todos os momentos, o Benfica teve dificuldades para se encontrar e para superar o Sporting, que esteve muito bem", começou por dizer o técnico português.
"Na segunda foi uma história diferente. O Benfica conseguiu equilibrar-se melhor como equipa e contrariar o Sporting, foi mais eficaz na pressão, e o Sporting teve alguma dificuldade em sair com critério, mas o Sporting foi superior no cômputo geral", acrescentou.
Quanto às escolhas táticas e composição da equipa, Tralhão observou as variações nos laterais e no meio-campo, apontando para a falta de consistência na defesa como um dos principais desafios a enfrentar.
"Eu acho que o Schmidt tem procurado as soluções mais adequadas para jogos diferentes. Parece-me que o Benfica, nesta fase da época, ainda não encontrou os dois laterais titulares, tem feito algumas modificações de jogo para jogo", observou.
A rotação de jogadores, embora estrategicamente válida, na opinião de Tralhão pode prejudicar a coesão defensiva necessária para o sucesso da equipa.
"Esta variação pode ter benefícios por um lado, pois de um ponto de vista estratégico pode criar indefinição no adversário, mas, por outro lado, não dá a consistência necessária que uma equipa precisa de ter", defendeu o técnico luso.
Com o jogo contra o FC Porto no horizonte, o Benfica enfrenta um teste crucial e Tralhão sublinhou a importância de garantir o equilíbrio defensivo e a consistência ao longo de todo o jogo diante dos dragões.
"Entre prós e contras, ninguém melhor que Schmidt para encontrar o equilíbrio. Acho que está sempre à procura da melhor solução", sustentou Tralhão, antes de deixar rasgados elogios a João Neves, médio das águias.
"O João Neves é completo, neste momento traz tudo à equipa: do ponto de vista defensivo, consegue pressionar na frente, perseguir o adversário, junta-se à linha defensiva para ajudar a defender; do ponto de vista ofensivo, transporta o jogo com critério, é bom no passe, assiste e ainda marca", rematou.