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O futebol é uma modalidade coletiva, complexa. O todo é maior do que a mera soma das partes, como em qualquer atividade humana. As ciências sociais e humanas há muito que o dizem, mas também há muito que relevam o papel transcendente dos mitos e dos símbolos. E, na sociedade contemporânea, o desporto-rei é um dos principais produtores dos heróis que a humanidade precisa para o ser (Manuel Sérgio e o seu trabalho não podem deixar de ser mencionados em qualquer texto que parta deste pressuposto).
Os futebolistas, mais do que quaisquer outros, assumem esse lugar, mesmo integrando uma modalidade coletiva. São eles as estrelas mundiais, são eles que têm maior ‘mediagenia’, são eles quem mais se prestam às regras de representação dos meios de comunicação social, condição indispensável para se ser mediatizado, de acordo com Aubenas & Benasayag (A Fabricação da Informação, 2002, Campo das Letras). E, convém não esquecer, o futebol só atingiu a dimensão atual – para o bem e para o mal – porque foi fortemente mediatizado.
As grandes estrelas mundiais congregam em si muitas atenções e interesse. A ausência dos grandes jogadores é, inevitavelmente, tema central de muitas conversas e conferências de imprensa. Se, por um lado, esta insistência corre o risco de sobrevalorizar o indivíduo num jogo que é coletivo, por outro lado, é reflexo do fascínio que só os grandes atletas podem proporcionar.
Das grandes seleções europeias, França, Itália e Alemanha terão as suas grandes perdas. Atletas como Ribéry, Montolivo e Reus não marcarão presença no Mundial que está prestes a começar. O Bola de Ouro em título também ainda não está nas melhores condições. Cristiano Ronaldo é uma dúvida que promete marcar a agenda mediática por muito mais tempo. Havendo ou não respostas novas a dar, a necessidade (não natural, mas construída) de se mediatizar o futebolista português entrará nas nossas vidas a todo o instante.
O Mundial do Brasil, mais do que qualquer outro, parece poder ficar marcado por muitas ausências. E isto baralhará necessariamente as regras de um jogo há muito habituado a olhar para as suas estrelas.
Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.
