O futebol português viveu um episódio marcante no último domingo, quando o FC Porto, liderado por Sérgio Conceição, derrotou o eterno rival Benfica por 5-0, numa exibição notável que reascendeu as esperanças dos adeptos portistas no título nacional.
"Eu acho que isso só demonstra, de certa maneira, como está o balneário do Benfica", observa José Calado.
Contudo, o impacto da goleada foi sentido de forma profunda no seio do Benfica, provocando uma onda de críticas e debates acalorados sobre o estado atual da equipa encarnada.
O técnico Roger Schmidt, que chegou ao clássico como líder isolado, viu a sua equipa ser anulada pela intensidade e determinação dos dragões.
Além da péssima exibição em campo, o Benfica tem sido alvo de críticas adicionais, especialmente em relação à escolha do jogador para as entrevistas pós-jogo.
Uma das polémicas que emergiu após a derrota no Dragão foi a escolha de João Neves para as entrevistas rápidas pós-jogo. O jovem médio, que recentemente enfrentou a perda da mãe, assumiu a difícil tarefa de enfrentar os jornalistas após a humilhante derrota diante do FC Porto.
A decisão dos responsáveis encarnados levantou questões sobre a responsabilidade dos jogadores mais experientes e a coesão no balneário do Benfica.
José Calado, antigo jogador do Benfica e atual comentador desportivo, foi incisivo nas críticas à escolha de João Neves e, em declarações à CMTV, destacou que os jogadores mais experientes deveriam ter dado a cara, mesmo que não fossem convocados para as entrevistas.
O antigo defesa destacou a escolha de João Neves como indicativa de tensões internas no balneário benfiquista, sugerindo que o jovem médio não deveria ter sido colocado nesta posição delicada.
"Eu acho que isso só demonstra, de certa maneira, como está o balneário do Benfica", começou por referir o antigo defesa português.
"E deixa-me só dizer uma coisa. O Ricardo Lemos, neste momento, parece estar a servir de bote expiatório. É um excelente profissional que eu conheço muito bem", observou Calado.
Calado, que já vestiu a camisola encarnada, sublinhou a necessidade de jogadores mais experientes do plantel encarnado, como João Mário, Dí Maria, Otamendi, ou mesmo Rafa, assumirem a responsabilidade em momentos difíceis.
"E, para mim, e eu já joguei no Benfica, e se houver um jogador, mesmo que não seja chamado, um jogador daqueles, os consagrados, as prima donas, essas coisas todas, disserem, não, não, não. Eu vou à conferência, eu vou à flash-interview, vai", afirmou o comentador.
"Os jogadores mais experientes é que deviam ter dado a cara, não o João Neves", frisou Calado.
"Vou dar a cara. Eu vou à flash-interview, o miúdo há uma semana faleceu-lhe a mãe, tem 19 anos, nós perdemos 5-0 com um eterno rival. Eu é que vou dar a cara, não é o miúdo com 19 anos que vai dar a cara, vou lá eu", explicou o antigo jogador das águias.
José Calado afirmou ainda que, tradicionalmente, no Benfica, os líderes do plantel davam a cara em situações adversas, e questionou por que razão isso não estava a acontecer agora.
"É assim é que tem que ser. Assim é que tem que ser no Benfica. Sempre foi assim. Não sei porque é que não é agora. Sempre foi assim", rematou o agora comentador desportivo.
A derrota para o FC Porto expôs não apenas as fraquezas táticas da equipa de Roger Schmidt, mas também questões profundas sobre a coesão do plantel e a gestão de crises.
O Benfica enfrenta agora um momento crítico na temporada, com a Liga Europa, a Liga Portugal e ainda a Taça de Portugal, onde a equipa está em desvantagem na eliminatória diante do Sporting, a exigirem respostas imediatas.
As críticas ao treinador Roger Schmidt também se intensificaram, com vozes discordantes a questionar a sua capacidade de liderar a equipa em momentos cruciais.
A especulação sobre o seu futuro na Luz aumentou com notícias recentes da imprensa alemã, que o coloca como um dos potenciais candidatos ao cargo no Bayern de Munique na próxima época.