"Vocês adoram o Schmidt. Não ficamos satisfeitos que o Mercedes dê rendimento de um FIAT"

"O Benfica tem o maior orçamento do futebol português, talvez dos maiores de sempre", observa António Carraça.

Apesar dos resultados positivos, como a conquista do campeonato na época passada e a Supertaça já esta temporada, o treinador alemão tem sido alvo de críticas relacionadas não só com as suas opções táticas, mas também com a sua comunicação e adaptação ao contexto do futebol português.

O estilo de jogo ofensivo e vibrante de Roger Schmidt, que conquistou admiradores pela Europa fora, não tem sido suficiente para convencer todos os adeptos benfiquistas.

Apesar das vitórias, a inconsistência exibicional tem sido uma constante no Benfica na presente época, levantando dúvidas sobre a capacidade do treinador em manter uma equipa consistente para o que falta da temporada.

"O Schmidt tem deixado muito a desejar em relação ao que é o rendimento da equipa do Benfica"

A alternância entre exibições brilhantes e momentos menos convincentes tem gerado controvérsia entre os adeptos das águias, especialmente quando as opções táticas de Schmidt prescindem frequentemente de um avançado de referência tradicional.

A ausência de uma figura central no ataque tem sido alvo de críticas, especialmente quando os resultados não correspondem às expectativas elevadas dos benfiquistas.

Neste sentido, António Carraça, antigo diretor geral do Benfica, expressou publicamente o seu descontentamento com o trabalho de Schmidt na Luz, comparando a situação com a expectativa de um carro de luxo que não oferece o desempenho esperado.

"Quando nós temos um Mercedes não ficamos satisfeitos que o nosso Mercedes dê o rendimento de um FIAT ou de um Ford 500", começou por proferir Carraça, em declarações no Canal 11, citado pelo jornal 'Bancada.pt'.

O agora comentador desportivo destacou os elevados gastos realizados pelo clube encarnado nas contratações de jogadores, sublinhando que as expectativas dos adeptos são proporcionais ao investimento feito.

"Não ficamos. Eu não ficaria. E o que eu quero dizer com isto? O Benfica tem o maior orçamento do futebol português, talvez dos maiores de sempre", observou o ex-dirigente das águias.

"Nas janelas de contratação gastou mais de 100 milhões de euros e as expectativas são elevadas", lembrou António Carraça.

Face ao investimento feito por Rui Costa, líder máximo do Benfica, para Carraça, o rendimento coletivo do atual campeão nacional tem sido aquém do esperado, dada a qualidade do plantel e os recursos disponíveis.

"Se verificarmos aquilo que tem acontecido, rendimento coletivo o Benfica tem tido muito pouco", destacou o comentador.

"Depois, quem trabalha e quem joga no Benfica e quem tem alguma responsabilidade no Benfica, obviamente, tem que exigir, um nível de exigência elevado. Benfica, FC Porto e Sporting temos que ter rigor e exigência muito forte", explicou.

"Com aquilo que vemos e com os números apresentados, eu acho que o Schmidt tem deixado muito a desejar em relação ao que é o rendimento da equipa do Benfica", acrescentou Carraça.

O antigo dirigente enumerou ainda uma série de resultados dececionantes sob o comando de Schmidt, incluindo a eliminação nas meias-finais da Taça da Liga e as dificuldades enfrentadas na Liga dos Campeões e na Liga Europa.

"Vocês adoram o Schmidt, eu acho que o Schmidt tem cometido muitos erros", apontou Carraça.

"Foi eliminado nas meias-finais da Taça da Liga. Tinha todas as condições para passar a fase de grupos da Liga dos Campeões, porque o grupo era acessível e não o conseguiu fazer", recordou o ex-dirigente português.

"Teve dificuldades na Liga Europa com o próprio Toulouse que é uma equipa com muitas limitações. A qualidade de jogo que vem apresentando não era aquela que era, minimamente exigida", rematou António Carraça.

A incerteza paira agora sobre o futuro de Roger Schmidt na Luz, com muitos a questionarem a sua continuidade no comando técnico do atual campeão nacional.

Apesar das críticas, há quem defenda que Rui Costa, presidente do Benfica, deve manter o treinador, mesmo perante os desafios atuais.

Contudo, a pressão sobre Schmidt está a aumentar, e a sua capacidade de reverter a situação será fundamental para determinar o seu destino no clube lisboeta.