O ambiente pré-clássico entre FC Porto e Benfica está repleto de emoções e, neste sábado, André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto, proporcionou aos adeptos uma sessão de 'Conversas à Moda do Porto' na sua sede de campanha.
"O Benfica motiva-nos e nós temos a obrigação de nos transcendermos", assume Villas-Boas.
O evento contou com a presença de figuras emblemáticas do clube como Rolando, Paulo Alves, Alberto Babo, Ricardo Moreira e José Meinedo, proporcionando aos adeptos uma partilha de experiências e reflexões sobre a rivalidade intensa entre Dragões e Águias.
Villas-Boas iniciou o evento destacando o sentido de exigência e o espírito de motivação que a rivalidade com o Benfica incute nos adeptos e na equipa azul e branca.
Comparando com outras rivalidades internacionais, o candidato à presidência dos dragões enfatizou a importância de ter um grande rival, equiparando o Benfica ao papel desempenhado pelo Barcelona em relação ao Real Madrid, e pelo Marselha em relação ao Paris Saint-Germain.
"O que foi demonstrado aqui é um sentido de exigência e um grande espírito de motivação que nasce dentro de nós relativamente a este rival. Todas as grandes equipas precisam de um grande rival. O Benfica é o nosso grande rival", começou por dizer Villas-Boas.
"Tal como o Barcelona é o grande rival do Real Madrid. Tal como o Marselha é o grande rival do Paris Saint Germain, e por aí fora. Este rival motiva-nos e nós temos a obrigação de nos transcendermos para conseguirmos ambicionar tudo aquilo que queremos", acrescentou.
"Portanto, de certa forma, também agradecemos por termos este grande rival que nos motiva a transcendermos e a procurar a vitória sempre", observou o antigo técnico portista.
Ao abordar a vivência dos sócios, o ex-treinador do FC Porto compartilhou algumas histórias pessoais, algumas mais dignas e outras mais indignas, que ilustram a intensidade do sentimento clubístico.
Uma das narrativas mais cómicas remonta a um jogo no antigo Estádio das Antas, onde, ao intervalo, um adepto vestido à Benfica ousou participar num espetáculo de remates às balizas.
O treinador, na época ainda não treinador da equipa principal dos dragões, não hesitou em repreender o intruso de camisola vermelha.
"Umas das minhas grandes indignações, foi uma vez no Estádio das Antas quando, ao intervalo, havia aquele espetáculo de rematar às balizas. Rematava-se à baliza do centro do meio-campo, havia uma painel que tapava toda a baliza, com umas bolinhas, uns buracos, por onde a bola tinha de passar", começou por recordar.
"E aparece lá um adepto vestido à Benfica. Foi a primeira e a última vez que isso aconteceu. Eu, às vezes, não fecho muito bem a porta, apanhei esse sujeito entre a bancada e a superior norte e dei-lhe talvez o maior arranque da minha vida por ele ter aparecido de camisola vermelha", contou Villas-Boas.
Outra história memorável remete para a época de 2010/11, quando Villas-Boas, já como treinador, assistiu aos 5-0 no Estádio da Luz ao lado de António Oliveira.
"Depois eu tive a felicidade de me sentar nos 5-0, na Luz, com o António Oliveira. Nessa altura eu preparava-me para ser treinador. Estudava equipas por esse país fora e ver na Luz, a Supertaça, com o António Oliveira foi um momento que me motivou na minha carreira", lembrou.
No encerramento do evento, Villas-Boas dirigiu críticas à atual direção portista, apontando a ausência de modalidades femininas como uma falha lamentável que deve ser combatida.
O candidato á liderança máxima azul e branca reiterou o compromisso de reconstruir o clube como uma instituição eclética, apesar dos desafios financeiros que se apresentam.
"Estão aqui cinco homens. Faltam mulheres neste painel, porque faltam modalidades femininas ao nosso clube. É uma constatação muito infeliz, estamos com muitos anos de atraso e poderão demorar alguns anos até nos reconstruirmos como clube ecléctico que devemos ser", destacou.
"Uma responsabilidade minha, infelizmente na situação financeira em que o clube está não nos podemos atrever muito mais. A falta de modalidades femininas é um erro deliberado e essa realidade tem de ser combatida", rematou André Villas-Boas.