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Futebol: Uma questão de amor

O futebol é, atualmente, mais do que um desporto, um negócio. Longe vão os tempos em que grandes craques jogavam à chuva e sujavam os calções por meia-dúzia de tostões. ''Era amor à camisola'' dizem os mais velhos. É caso para refletir: hoje ainda há amor no futebol?

Futebol: Uma questão de amor

Se estendermos o futebol aos adeptos, a resposta é óbvia. O público é o amante puro. Ao ponto de colocar o clube no topo das suas paixões. Abdica de tempo com a família, amigos, e até se desleixa do trabalho para ir ao estádio apoiar a sua equipa. Isto é amor! Agora, se nos cingirmos aos profissionais de futebol, jogadores e equipa técnica, esses casos são cada vez mais raros.

No entanto, na Liga Zon Sagres temos um exemplo evidente de amor e dedicação ao clube. Ricardo Sá Pinto (pois claro!) já viveu melhores dias no comando técnico dos leões. Esta época os resultados tardam em aparecer, e as boas exibições também, mas a entrega de Sá Pinto mantém-se. É bonito ver a forma como o ex-jogador do Salgueiros incentiva os seus pupilos, como que um pai a aplaudir os filhos. E é isto, ele pode não ser o mestre da tática, mas tenta incutir os valores do Sporting nos seus jogadores. Transmite-lhes o que é amar um clube. E faz sentido isto nos dias que correm?

Faz! Os jogadores são profissionais, são pagos para jogar. Eu sei que sim. Todos sabem que sim. Mas mesmo jogando no clube de coração, o jogador é pago por isso. Olhando o exemplo do Sporting. Nos últimos anos fabricou Paulo Futre, Figo, Ronaldo, Nani… e que rendimento desportivo retirou deles? Praticamente zero! Foram estrelas a brilhar em outros clubes. Sem amor à camisola, os jogadores saem só para ganhar mais dinheiro. Os craques leoninos que referi saíram para grandes clubes europeus, mas se na altura tivesse aparecido um clube russo para os pescar eles também seriam levados nesse anzol. Regra geral, opta-se pelo dinheiro e só depois se pensa em títulos.

E o amor que lugar ocupa? Nos casos em que ele existe e quando o jogador já está num bom clube, eu acredito que fique em primeiro plano. Se um atleta está num clube que ama e é muito bem pago por que razão irá sair? Para ficar milionário? Um homem com uma vida financeiramente estável deverá trocar a sua família que tanto ama por uma vida milionária longe dela? O princípio é o mesmo, é tudo uma questão de amor. É este o único sentimento que pode fazer face à tentação do dinheiro. Tal como o Bruno Tomé referiu numa crónica anterior, a sociedade capitalista tem destruído muita coisa. Espero que nunca mate o amor.

PS: Escrevi este texto na quinta-feira, quando já se falava no possível despedimento de Ricardo Sá Pinto. Ele confirmou-se e o novo treinador dos leões chama-se Oceano Cruz. Mais uma vez, o amor de nada valeu.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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