Jorge Jesus: «Soubemos anular o poder do FC Porto e fomos premiados»

«O nosso objetivo, uma vez que o Sporting está em todas as frentes, é ganhar títulos, mas para ganhar títulos, tem de chegar às decisões. Esta competição era a primeira em que as equipas podiam ganhar o título. Tanto o Sporting, como o [Vitória de] Setúbal podem pensar ganhar um título, o primeiro título. É para isso que temos vindo a trabalhar, não só nesta época, mas nas outras épocas. É recuperar o espaço que se perdeu. Para ganhar esse espaço, é fazer o que nesta competição fizemos. Sábado estamos aqui com o [Vitória de] Setúbal para ganhar o primeiro título da época.

Concordo [com o Sérgio Conceição] que foi um jogo muito competitivo, tático, sem grandes oportunidades. Se há uma oportunidade clara, é o Sporting que a tem, a uma bola Sebá [Coates]. O Porto não nos criou, tirando a situação de golo de fora de jogo, complicações em relação à nossa última linha. Sabíamos que os avançados do FC Porto são muito poderosos fisicamente. Quem deixar chegar os médios do Porto em cima da última linha sujeita-se a perder, porque aqueles avançados não querem bola no pé, mas no espaço. Nem sempre conseguimos controlar.

No lançamento do jogo, previa que isso [poucas oportunidades] ia acontecer, porque são equipas em termos defensivos bem organizadas. Tanto o Sporting como o FC Porto tiverem dificuldade em lançar ataque posicional. O Sporting até teve mais posse de bola durante os 93 minutos, mas isso também não é um dado com muita importância. Fomos justos vencedores.

Ganhámos nas grandes penalidades. Antes das grandes penalidades, disse aos jogadores que só ganha grandes penalidade quem for melhor. Não é uma questão de sorte. É uma questão de saber. [Disse-lhes que tinham] um dos melhores guarda-redes do mundo [Rui Patrício], que ia fazer a diferença e fez. Parabéns ao Sporting e parabéns ao Porto. São as duas equipas que, em Portugal, ainda não perderam.

O facto do Vitória de Setúbal não ser uma equipa como o Sporting, o FC Porto ou o Benfica, mas, numa final, não é o mais poderoso, muitas das vezes, que tem mais possibilidade de ganhar. Houve a meia-final entre Vitória de Setúbal e Oliveirense em que a melhor equipa foi a Oliveirense. Não foi melhor, porque o melhor é quem marca golos, mas em termos do que aconteceu no jogo. Os jogadores vão estar muito confiantes, porque têm possibilidade de ganhar ao Sporting e estão numa final, e nós a mesma coisa.

Vão ser intensos, vão [os próximos jogos entre Sporting e FC Porto]. Não tenho dúvidas. São duas equipas que tem muita intensidade em cada disputa de bola. São duas equipas que sabem o que é a segunda boal do jogo, quer ofensivamente, quer defensivamente. Isso faz com que os jogadores não tenham muito espaço para jogar e faz com que tenha de aparecer a qualidade individual dos jogadores. Neste jogo, o jogador que teve mais capacidade para isso foi o Brahimi. Perdemos o Gelson, que é um jogador que sai com facilidade dessas situações.

O Sporting não sai daqui reforçado porque ganhou esta meia-final ao FC Porto, como alguns teóricos projetaram. Treta. O importante é perceber o que o Sporting e o FC Porto fizeram até hoje. O Sporting já fez 36 jogos. Em Portugal, não perdeu nenhum. Se tu não ganhas, é um problema emocional. O futebol é uma soma de boas exibições e de más exibições. A partir daqui, é que podes concluir. O Sporting não vai ficar melhor do que o Porto por ter eliminado o Porto. Vai continuar igual. E o Porto vai continuar igual, invicto. Só perdeu nas grandes penalidades.

No futebol, não há 'vingança'. No futebol, há competição. Como óbvio, uns ganham e outros perdem. O que é normal, vai ser uma final. O facto de não termos ganho o último jogo em Setúbal não nos dá o direito de querer vingar. Trataram-nos bem depois do jogo, por isso temos o máximo respeito pelo Vitória. Queremos, no sábado, ser melhores do que o Vitória e ganhar o troféu. No futebol, há paixão e respeito. A luta é dentro do campo."».