Andreas Krannich diz que «erradicar viciação de resultados é impossível»

Convidado para ser orador no ciclo de conferências Football Talks, que terminou hoje no centro de congressos do Estoril, o especialista alemão confessa em entrevista à Lusa que "a viciação de resultados é tão antiga quanto o desporto", mas que por isso mesmo é preciso não desistir e fazer tudo para evitar a sua proliferação.

"Estará lá sempre, como em qualquer outra área da nossa vida. Veremos atividades criminosas, mas é nossa tarefa, dos órgãos desportivos e da polícia limitar o seu impacto no desporto. Estou confiante que podemos travar o volume de viciação de resultados", declara o responsável da Sportradar, vincando que "99 por cento dos jogos são legítimos".

Paralelamente, Andreas Krannich coloca o ‘match-fixing’ entre as maiores ameaças ao futebol, face às oportunidades que se apresentam aos criminosos.

"Não havia legislação, não estava definida a jurisdição e não havia um entendimento correto das autoridades e do meio desportivo", esclarece.

Para o responsável da Sportradar, o cinismo faz também parte do circuito de investigação e ação judicial sobre os manipuladores de resultados, já que estes "acabam por escapar na maior parte dos casos": "Serão os jogadores e os árbitros a serem sancionados e não os autores da viciação."

De acordo com os dados apresentados por Andreas Krannich, desde 2009 foram condenadas 200 pessoas nas instâncias desportivas e 24 em processos criminais instaurados a partir dos relatórios do mecanismo Sistema de Deteção de Fraude. Apesar dos números reduzidos, o diretor da Sportradar prefere ver "o copo meio cheio" e acreditar numa evolução positiva.

"Temos visto no último ano as instâncias desportivas levarem este assunto a sério e a tomarem medidas disciplinares, como a UEFA", refere, lembrando o caso dos albaneses do Skenderbeu, que foram mesmo afastados das competições europeias pelo envolvimento em viciação de resultados. "Sou um otimista", conclui.