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O futebol, como a política, carece atualmente de alternativas

Dei por mim, hoje, a pensar espontaneamente no assunto. Em quem irei votar nas próximas eleições legislativas portuguesas, marcadas para 4 de outubro? Não faço ideia. Votar irei, mas não faço ideia em quem. Não é que não acompanhe a política. Esse não é o motivo para a minha indecisão. Só não sei em quem votar porque, no final de contas, tudo tem sido mais do mesmo e faltam alternativas, frescas, credíveis e ambiciosas. No futebol é igual.

O futebol, como a política, carece atualmente de alternativas

Votar em quem? No PSD-CDS de Passos Coelho e Paulo Portas ou no PS de António Costa? Não, já tiveram muitas oportunidades e estamos num estado lastimável. No sonho 'de que tudo será diferente' do Bloco de Catarina Martins ou no PCP de Jerónimo de Sousa? Não, o Syriza também prometeu um caminho alternativo e depois acabou por 'morrer na praia'. Naqueles partidos mais pequenos? Não, provavelmente nem sequer têm estrutura para governar.

O futebol atual é exatamente igual à política. Existem poucos protagonistas, tanto a nível individual como coletivo. Assiste-se, crescentemente, a uma centralização do poder numa elite cada vez mais forte.

Lionel Messi e Cristiano Ronaldo dominam no plano individual. Se, há cerca de uma década, estrelas como Zidane, Ronaldo, Figo, Beckham, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Fabio Cannavaro, Michael Owen, Shevchenko, Pirlo ou Seedorf competiam pelo trono do futebol mundial, a um nível muito semelhante, desde 2008 que a luta se resume à 'La Pulga' argentina e ao 'CR7' português, com quatro Bolas de Ouro para o primeiro e três para o segundo.

Em 2015, a luta pela Bola de Ouro será novamente, e sem grandes surpresas, entre Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, com mais um jogador - provavelmente Luis Suarez ou Neymar - a figurar no último lugar do pódio.

É certo que nenhum outro futebolista no Mundo consegue marcar mais de 50 golos por época - o próprio Eden Hazard já o admitiu publicamente -, mas também não deixa de ser uma evidência que este duelo entre o argentino e o luso se está a tornar um pouco cansativo pela falta de novos protagonistas capazes de incomodar os 'reis' do futebol mundial.

A um nível mais geral, assistimos a um domínio transversal de campeonatos como a Liga BBVA, Premier League e Bundesliga, com vantagem para a primeira que, nas duas últimas temporadas, 'só' ganhou todas as competições europeias. É lá que chegam os maiores investidores, é lá que está o dinheiro, é lá que se fazem compras milionárias e é lá que está concentrada a atenção mediática.

E isto resulta no domínio avassalador de clubes como Real Madrid e Barcelona, que entre os dois concentram as grandes estrelas do futebol mundial, como Messi, Ronaldo, Suarez, Neymar, Iniesta e Gareth Bale. Man Utd, Man City, Chelsea e Bayern Munique tentam equilibrar a balança com negócios milionários, principalmente os dois primeiros, que no último defeso contrataram Sterling, De Bruyne e Martial por preços astronómicos.

Tal como na política, onde o discurso de BE e PCP continua a ser insuficiente para incomodar as 'cassetes riscadas' de PS e PSD, no futebol as alternativas a Lionel Messi e Cristiano Ronaldo (ainda) não convencem. E, com isso, o interesse pela modalidade também se vai desgastando. Tudo o que se repete até à exaustão acaba no cansaço.

É que, na política e no futebol, a mudança de protagonistas é sempre o caminho mais saudável.

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