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Mundial-1966: Foi um pequeno brilharete, o primeiro do futebol português

O ex-futebolista António Simões recordou que Portugal chegou ao Mundial de 1966, em Inglaterra, descontraído e sem acréscimo de responsabilidade, para conseguir o primeiro brilharete do futebol português.

Mundial-1966: Foi um pequeno brilharete, o primeiro do futebol português

“Chegámos a Inglaterra, depois de termos conseguido o primeiro apuramento de sempre, descontraídos, sem um grande acréscimo de responsabilidade. (...) A equipa desenvolveu-se, os jogadores libertaram-se e conseguimos um pequeno brilharete, o primeiro da história do futebol português”, afirmou.

Em entrevista à agência Lusa, Simões lembrou a “sorte” que Portugal teve na estreia frente à Hungria, uma equipa recheada de estrelas.

“Ganhámos 3-1, mas tivemos imensas dificuldades. Houve uma estrelinha nesse jogo, que nos ajudou muito. Atacámos pouco. (...). Tivemos sorte. A Hungria jogava e nós marcávamos. Conseguimos uma vitória por 3-1, que nos embalou”, afirmou.

Seguiu-se um triunfo sobre a Bulgária (3-0), antes do confronto com o Brasil, no qual surgiu a famosa lesão de Pelé após uma entrada de Morais, que Simões desmistifica, lembrando que o astro da “canarinha” se tinha lesionado na primeira jornada com a Bulgária e que não jogou com a Hungria.

“Depois, é recuperado e joga contra nós, penso eu, sem estar em condições físicas e apenas por um motivo psicológico, para trazer a equipa com ele. Pelé aparece ligado num joelho e não está em condições. Joga diminuído e isso vê-se no filme. Isto não retira uma atitude agressiva do Morais sobre o Pelé, com duas entradas no mesmo lance, uma das quais violenta. Possivelmente, hoje o Morais tinha sido expulso”, reconheceu.

Mas, Simões acredita que Portugal teria ganhado mesmo com Pelé a jogar, até porque no momento da lesão já ganhava e “dominou praticamente todo o jogo, foi sempre superior”.

“Naquele dia, com Pelé a 100 por cento ou não, Portugal ganhava. Podia ser com mais dificuldade ou não. Não se deve tirar brilho a uma vitória de Portugal, mesmo frente a um Brasil debilitado, porque o Garrincha estava a acabar, o Pelé debilitado, o Brasil estava num período de transição”, disse.

Nos quartos de final, Portugal encontrava a desconhecida Coreia do Norte e António Simões recorda que o selecionador “Otto Glória teve muito trabalho” para convencer a equipa de que “a Coreia do Norte era um adversário difícil”, acrescentando que houve “um certo relaxamento”.

“Quando nos demos conta estávamos a perder 3-0”, lembrou Simões, que, contudo, sentia que Portugal “podia fazer golo em qualquer circunstância, mas tinha de parar os golos da Coreia”.

Para Simões, aquele “foi um período difícil, complicado”, embora a equipa ainda tenha “acordado” antes do intervalo, reduzindo para 3-2. Realça a “importância extraordinária” da “mensagem extremamente agressiva” de Otto Gloria.

“‘Vocês tiveram coragem de ganhar aos meus patrícios e agora, com estes, que nem sabemos de onde vêm, estão aí todos borrados’ (...). Se havia alguma falta de atenção naquele momento, o Otto Gloria quis apanhar-nos e dizer ‘meus queridos amigos, não pode haver mais relaxamento, temos de ir para cima’. E isso aconteceu”, referiu.

O antigo extremo recordou que “houve muitos jogadores que jogaram melhor na segunda parte, em especial o Eusébio, com os quatro golos” e que este foi um jogo que se tornou “mítico, pela exibição do Eusébio, mas sobretudo pela reviravolta quase impossível”.

Portugal acabaria por cair nas meias-finais, frente à Inglaterra, “uma seleção muito forte e que teve mérito”, apesar das circunstâncias que rodearam o encontro, como a mudança de Liverpool para Londres.

“A deslocação que tivemos de Liverpool para Londres, que não éramos nós que tínhamos de fazer, mexeu com o grupo, sobretudo ao nível psicológico. Não foi só o cansaço. Claro que vir de comboio, chegar cedo de mais ao estádio – lembro-me de estar sentado nos degraus de acesso ao vestuário – causou um desgaste tremendo”, afirmou.

Simões admite que havia também já “algum cansaço” na seleção portuguesa naquela altura do Mundial, por não poder haver substituições.

“Devo dizer, não por alívio, mas por consciência, que a Inglaterra não era mais forte do que nós, mas era uma grande seleção e acabou por ganhar esse Mundial”, concluiu.

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