O selecionador Lúcio Antunes lembrou José Mourinho quando festejou exuberantemente o apuramento de Cabo Verde para os quartos-de-final da Taça das Nações Africanas (CAN2013) de futebol, mas assumiu ideias “bem diferentes” do português que o ajudou em 2012.
“Somos grandes amigos. Fomos bem próximos durante seis ou sete meses, mas as nossas ideias sobre futebol são bem diferentes. O estilo dele não é o meu estilo, e vice-versa”, vincou o timoneiro dos “Tubarões Azuis”, em entrevista ao sítio da FIFA na Internet.
Em 2012, depois de o ter acolhido no Real Madrid durante uma semana, Mourinho elogiou o cabo-verdiano de 46 anos.
“É um treinador inteligente. Tem ideias próprias, é organizado, metódico e ambicioso. É um ótimo treinador”, referiu Mourinho, na altura.
Para se estrear na CAN2013, Cabo Verde afastou surpreendentemente os tetracampeões Camarões e, já na fase final da prova, impôs um empate a zero com a anfitriã África do Sul, permitiu a igualdade a Marrocos (1-1) e venceu Angola (2-1), dando a volta ao resultado e chegando aos “quartos”.
“Chegámos aqui muito determinados e estou feliz pelo que conquistámos'', disse, após o feito inédito que o levou, eufórico, a pegar na bandeira de Cabo Verde e a dar uma volta de honra ao estádio, lembrando o entusiasmo de Mourinho quando em 2003/04 apurou o FC Porto para os “quartos” da Liga dos Campeões, com um empate perto do fim na visita ao Manchester United.
O novo desafio dos cabo-verdianos chama-se Gana, uma das equipas mais fortes do continente africano.
“Eles eram os mais fortes do Grupo B. Estamos felizes por enfrentá-los, pois formam uma das melhores seleções da África. Nesta fase da competição, temos de nos defrontar com selecionados deste nível. Vamos simplesmente continuar trabalhando duro e tentar vencer o próximo jogo”, sublinhou.
O defesa Guy Ramos considera Lúcio Antunes como “um bom motivador”, alguém que deixa a equipa “sempre pronta” para enfrentar os diversos desafios, implementando um espírito de grupo forte, comparável a “uma família”.
“Quando alguém está triste, o grupo levanta o moral. Estou feliz com os meus companheiros. É como um sonho maluco. Esta é a nossa primeira participação na prova e já estamos nos quartos de final. No entanto, isso não nos surpreende, pois sabíamos que éramos capazes. Não há pressão sobre nós”, frisou o futebolista dos holandeses do RKC Waalwijk.
Para se dedicar totalmente à seleção, Lúcio Antunes pediu em 2010 licença do trabalho como controlador aéreo no aeroporto da Praia, capital de Cabo Verde, justificando a aposta com os resultados desportivos que motivaram a subida do país do 108.º para o 70.º lugar do “ranking” da FIFA, além do 26.º para o 15.º de África.
“Não sei qual dos dois trabalhos prefiro, se o treinador ou de controlador, mas eu certamente voltarei um dia. Só não sei quando”, concluiu.