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Corrupção: Árbitro de Viseu e dirigentes do Lamego começaram a ser julgados

O Tribunal de Viseu começou hoje a julgar um árbitro da Associação de Futebol de Viseu (AFV), dois dirigentes do Sporting de Lamego e o próprio clube pelos crimes de corrupção e tráfico de influências.

Segundo a acusação, os dirigentes desportivos Rodrigo Guedes e Jerónimo Medeiros e o árbitro Fernando Dias foram apanhados pela PSP, em novembro de 2007, a transacionar dinheiro numa das entradas de Castro Daire. Os arguidos optaram por não prestar depoimento.

A primeira testemunha ouvida foi o presidente do Conselho de Arbitragem da AFV, João Caiado, que contou ter sido abordado relativamente a duas situações.

Uma delas foi denunciada por um dirigente do Campia, Mário Lima, que ligou para a AFV “a dizer que estava farto, que havia um árbitro que queria dinheiro”.

Contou que, no dia seguinte, um sábado, Mário Lima, na sua presença e de dois elementos da associação, telefonou para Fernando Dias com o telemóvel em alta voz, e este disse que se mantinham os “50/25/25 metros”, referindo-se a dinheiro que seria para entregar ao árbitro e aos dois assistentes do jogo Moimenta-Campia.

“Ligámos logo para o presidente da associação”, contou, acrescentando que depois, via fax, comunicaram a situação à Polícia Judiciária de Lisboa.

Segundo João Caiado, na noite desse mesmo dia recebeu uma chamada do árbitro Carlos Pires a contar que outro árbitro lhe estava “a oferecer dinheiro” para influenciar o resultado do jogo que ia arbitrar no dia seguinte, o Cinfães-Sampedrense.

“Disse-lhe que isto tinha de ir até ao fim e que ia ter de provar o que estava a dizer”, acrescentou.

Carlos Pires contou hoje ao tribunal que, na véspera do Cinfães-Sampedrense, recebeu um telefonema de Fernando Dias e que este lhe disse: “Amanhã, se o resultado for um empate ou uma vitória do Sampedrense, há 300 metros para ti”.

Acrescentou que lhe respondeu “vai para o teu jogo, que eu vou para o meu e não falamos mais do assunto”, não lhe tendo pedido pormenores.

Foi depois de falar com João Caiado e decididos que estavam a apanhar Fernando Dias que, cerca de uma hora antes do jogo, na presença dos seus assistentes, telefonou em alta voz para o colega para lhe dizer que tinha reconsiderado aceitar a proposta.

“Ele disse-me ‘não são 300, são 500’. Eu perguntei ‘500 quê’ e ele disse euros”, contou, acrescentando que quando perguntou “quem é que dá”, Fernando Dias respondeu “é o primeiro (classificado), os verdes, o Lamego”.

O Sampedrense ganhou, mas Carlos Pires garante que foi sem a sua intervenção, e depois de combinado o local e hora da entrega do dinheiro foi disso informado um chefe da PSP de Viseu.

O local inicial era próximo de Parada de Gonta (Tondela), mas depois foi alterado para a saída da A24 para Castro Daire, tendo Carlos Pires conseguido avisar a PSP.

Contou que Rodrigo Guedes e Jerónimo Medeiros saíram de uma carrinha tipo reboque, tendo este “puxado de um maço de notas” que depois deu a Fernando Dias.

“Ele (Jerónimo Medeiros) disse-me ‘toma lá’. Eu disse ‘isso é com o Dias’”, relatou, acrescentando que o maço de notas foi então entregue a Fernando Dias, que as começou a contar, tendo-as deixado cair no chão quando foi surpreendido pelos agentes da PSP.

No mesmo dia foi também detido o árbitro José Cunha, que entretanto já foi absolvido num processo que correu em separado do Tribunal de Tondela.

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