O lateral direito Nélson Semedo, uma jovem de 21 anos, foi titular em todos os jogos do Benfica em 2015/16 e é o ‘rosto’ do novo paradigma no clube, que fez mais do que mudar de treinador.
Ao prescindir de Jorge Jesus, depois de seis épocas coroadas com 10 títulos, e eleger Rui Vitória, o clube da Luz escolheu o Seixal, o Caixa Futebol Campus, a formação, que nunca foi prioridade para o agora técnico do Sporting.
Nélson Semedo, que na época passada disputou 42 jogos pelo Benfica B na II Liga, traçou, desde a Supertaça, um novo rumo, sendo seguido quase de imediato pelos ‘miúdos’ Victor Andrade (19 anos) e Gonçalo Guedes (18), ambos já titulares.
O ex-jogador de Sintrense e Fátima tem sido a aposta para fazer face à ‘traição’ de Maxi Pereira, que rumou ao FC Porto, enquanto Andrade e Guedes têm-se revessado no lado direito do ataque, aproveitando a lesão (de longa duração) de Salvio.
Beneficiando do empréstimo de Ola John ao Reading, Nuno Santos (20 anos), suplente utilizado no 6-0 ao Belenenses, foi o quarto jogador que Rui Vitória foi ‘buscar’ ao Seixal, isto quando a época tem pouco mais de um mês, o que faz antever que mais nomes possam aparecer.
A ‘chancela’ para a nova época passava pela incorporação de cinco jogadores ‘made in’ Caixa Futebol Campus na equipa principal, mas os primeiros passos do Benfica 2015/16 têm mostrado uma aposta ainda mais forte.
Mais do que estarem no plantel, os jovens jogadores provenientes do Seixal têm tido, de facto, oportunidades com Rui Vitória, o que nunca sucedera na ‘era Jorge Jesus’, o que fez com que muitos fossem vendidos sem terem a oportunidade de se afirmarem na equipa principal.
O talentoso Bernardo Silva, agora no Mónaco, foi a principal ‘vítima’ desta ‘política’, num lote que inclui João Cancelo (Valência) e Ivan Cavaleiro (Mónaco). Emprestado aos gauleses, Hélder Costa também tem cláusula de 15ME para sair.
André Gomes (Valência) foi, nos últimos anos, o jogador da formação que teve mais oportunidades, mas, ainda assim, partiu depois de ser titular em apenas três jogos da I Liga 2013/14.
Como o ‘adeus’ de Jesus e o regresso de Rui Vitória, que treinara os juniores do clube em 2005/06, o Benfica mudou, assumidamente, as ‘agulhas’ para o Seixal.
Em várias entrevistas, o presidente dos ‘encarnados’, Luís Filipe Vieira, explicou que o objetivo é rentabilizar o Seixal, em termos desportivos e económicos, e comprar menos jogadores, poupando também em ordenados.
O líder e o treinador do Benfica já reconheceram várias vezes que esta nova aposta vai ter ‘dores de crescimento’, mas nenhum assumiu que o clube pode passar sem ganhar.
A contratação do avançado Raúl Jiménez, pelo qual o Benfica pagou cerca de nove milhões de euros por metade do passe, e, mais recentemente, do argentino Cervi, bem como a manutenção de Gaitán, mostram, aliás, que o processo será gradual e longo.
Os resultados poderão acelerar ou atrasar o processo, mas, para já, e olhando o jogo de domingo, no Dragão, frente ao FC Porto, o ‘onze’ do Benfica poderá ter Nélson Semedo e Gonçalo Guedes. A aposta parece irreversível.